domingo, 7 de outubro de 2012

Hel.

Hel é filha de Loki e Angrboda, ela preside sobre o reino de Helheim e é considerada deusa da morte, recebendo em seu hall grande parte dos mortos. Ela é normalmente descrita como tendo metade de seu corpo apodrecido ou como um esqueleto, e a outra metade linda e viva.

Em personalidade, Hel é descrita tanto como fria quanto carinhosa, e pensa-se que isso é porque enquanto ela recebe grande parte dos mortos de Midgard, e se importa com eles, vendo o sofrimento e a dor, ela tem o dever de decidir como eles passarão seu tempo em Helheim e não pode apegar-se demais.

Diz-se que sua mesa é a fome e sua faca a inanição, sua cama a doença e suas paredes o sofrimento, e que todos aqueles que vão a Helheim tem esse mesmo destino, sem diferença para ninguém.

Outras passagens indicam que o reino de Helheim, antes da vinda da deusa por ordens de Odin, era mais sombrio e sofrido e que Hel o melhorou, dando punições aos que merecem e alívio aos bons. Essa ideia é suportada por Hel não parecer em sí uma deusa cruel, mas que apenas cumpre seu dever efetivamente.

Seus devotos consideram-na uma deusa exigente e forte, mas não má, e insistem que ela aprecia mais os humanos que reconhecem que tudo, um dia, morrerá, e que a morte não é um fim definitivo ou algo terrível, mas sim um estado natural de toda a vida.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Loki, Logi: deus do fogo?

Loki tem sido considerado por muitos praticantes modernos de diversas formas de paganismo nórdico como um deus do fogo, e alguns mantém que Loki e Logi são o mesmo, assim fazendo dele a personificação do fogo. Mas existem diversos motivos para acreditar que os dois são deuses completamente separados, e que juntá-los foi um erro na etimologia do nome Loki e nas características que no início podem confundir os leitores.

Mas ambos apareceram juntos em uma mesma história, onde competiram um contra o outro sobre quem poderia comer mais. Logi, como personificação do fogo, consumiu não só a comida em seu prato, mas os ossos, o prato, e a mesa. Além disso, não há nenhuma conexão entre Glút, esposa de Logi, e o deus Loki, o mesmo com suas filhas Eisa e Einmyrja. Logi também é considerado irmão de Aegir, e não é provável que esse seja um nome alternativo para um dos irmãos de Loki.

Ao mesmo tempo, a ideia de que Loki é uma variação do nome Logi é estimulada pelo nome de seus pais, Fárbauti ("the cruel striker" em inglês, com a tradução mais próxima para o português sendo "fustigante") que pode indicar um raio, e Laufey/Nal ("folhas [de pinheiro]"). Quando um raio atinge folhas de pinheiro, pode instigar um grande incêndio, e fogos selvagens e incêndios descontrolados são uma marca de Logi.

Mas ainda que a conexão de Loki com o fogo seja relatada em outros lugares, como a corta dos cabelos de Sif como uma metáfora para a queimada do pasto, ou quando ele voou pelo fogo para fugir de Thjazi, parece errado históricamente que Logi e Loki sejam a mesma entidade. Alguns apontam a teoria de que enquanto Logi é deus do fogo selvagem e descontrolado, Loki possa reinar sobre um lado mais refinado do elemento.

Outra conexão de Loki com fogo é a Lokabrenna, estrela de Sírius, segundo a mitologia sendo uma tocha que Loki colocou no céu para esquentar o frio inverno do norte europeu. No folklore nórdico também se deixa oferendas a Loki da comida caseira, jogando-as no fogo. Então enquanto seja errado que ele seja o deus do fogo, há uma forte conexão entre o deus e o elemento.

Fontes:
Baseado nesse artigo.
Þorsteins saga, Víkingssonar 
Poetic & Prose Eddas 

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Rökkatru no Brasil.

Os Lokeanos e Rökkatruar sempre foram poucos e espalhados em cantos remotos do mundo, isolados da maior parte dos grupos de Asatru e reconstrucionismo nórdico, ou até de grupos não-reconstrutistas. São poucos os Rökkatruar e Lokeanos que seguem um caminho reconstrutista, com ambos os termos sendo abertos tanto para esses quanto para os neopagãos, mas até eles enfrentam problemas com os que não conseguem respeitar esse caminho alternativo. Existem teorias de que os Jötunn eram os deuses do norte antes dos Aesir e Vanir, e que assim os três panteões de deuses devem ser igualmente respeitados.

De uma forma ou de outra, com o crescimento da população mundial assim também cresce o número de pessoas seguindo o Rökkatru, com sua maior parte no hesmifério norte, e poucos de nós aqui no sul. Até na grande e vasta internet não se encontra muita informação sobre isso fora do inglês, com poucos sites em francês e espanhol. Informações em português são ainda mais raras, e os únicos sites que vi mencionando Lokeanos e Rökkatruar foi por uma visão negativa e de fora da comunidade. Enquanto não procuramos converter pessoas para aumentar nossos números, como esse caminho não é para todos e exige muito trabalho e pesquisa, é importante ter informação em nossa língua tanto para pessoas interessadas pessoalmente nesse caminho quanto para os curiosos ou aqueles que são parentes e amigos de um Lokeano/Rökkatruar.

Além de oferecer informação, também é necessário que os Lokeanos e Rökkatruar tenham um espaço seguro para conversar sobre sua prática e crença, sem serem atacados por isso. Nesses espaços seguros incluem-se blogs e plataformas sociais, websites, e comunidades em redes como o facebook. A comunidade privada Lokeans & Allies (primáriamente em inglês) é um exemplo, sendo fechada ao público e mantendo-se como um lugar apenas para Lokeanos e aliados, que não jogariam ofensas desnecessárias.

O Rökkatru não é conhecido pela maior parte da comunidade pagã brasileira, e nossos números podem ser contados nos dedos de uma mão. Devem ter mais de nós em algum lugar, não sendo vocais na internet ou fora dela sobre isso, então o Rökkatru Brasil e o Templo De Loki foram criados como lugares onde essas pessoas podem frequentar e compartilhar seus sentimentos ou pelo menos saber que existem outros em um caminho parecido. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Morte Súbita Inc.: Loki (É possível compreendê-lo?)

Loki é uma das figuras mais complexas do panteão nórdico. Um deus morador do Asgard (Olimpio nórdico), sem templos que lhe fossem consagrados. O desenvolvimento de sua figura através dos tempos está intimamente ligado às vivências na vida e cultura nórdica. Além da influência posterior pelo contato com o cristianismo. Os primeiros contos referentes à Loki descrevem-no como bom e companheiro de Odin. Aos poucos se transforma num ser malévolo e diabólico. A idéia de mal e diabo não existia dentro da concepção nórdica. Este aspecto se caracterizou pelo contato com o universo cristão -- onde o bem é dissociado do mal, com se fossem coisas excludentes.

Por mais de um século estudiosos explicam sucessivamente Loki como o deus do fogo, do trovão, ou da morte, um reflexo do diabo cristão ou um herói civilizador, comparável a Prometeu. Em 1933, Jan de Vies aproximou-o do trickster, personagem ambivalente, próprio das mitologias norte-americanas. Sucessivamente este personagem sofre transformações nas interpretações relativas a ele. Por ter muitas faces pode ser amplamente compreendido, associado ou confundido. Em minha visão todas as versões são uma parte, pequenas partes, que postas juntas formam um todo maior e profundamente simbólico. Estas múltiplas faces de Loki e as inúmeras possibilidades de interpretá-lo e mesmo as dificuldades de classificá-lo tornam Loki um personagem rico e intrigante.

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domingo, 26 de agosto de 2012

Sigyn.

Sigyn é a deusa da fidelidade e constância. Sabemos muito pouco sobre ela, mas é listada entre as deusas dos Aesir, e provavelmente não é Jötunn. Mesmo assim, Sigyn é honrada como um dos Rökkr por ser a segunda esposa de Loki, mãe de Narvi e Vali, e aquela que segura a vasilha para impedir que o veneno da serpente caia em seu marido.

Como temos pouca informação sobre ela, a maior parte de seus devotos dependem de UPG (gnose pessoal não-verificada/verificável). Muitos dizem que ela é gentil e amorosa com aqueles que a procuram, mas Sigyn também é forte e determinada, e aquela para quem ir em tempos de grandes perdas.

O melhor modo de honrar Sigyn é por sua família, principalmente seus filhos. Não é aconselhável incomodar Vali com oferendas, mas essas podem ser deixadas para Narvi. Honrar a memória deles, e a Loki, é algo que pode deixar um devoto mais perto de Sigyn.

Vários devotos de Loki e Sigyn fazem o ritual de segurar a vasilha, como oferenda, meditação, ou apenas um modo de aproximar-se dos deuses em questão.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Angrboda.

Angrboda é uma jötunn, considerada por muitos a primeira esposa de Loki, dando-lhe os filhos Fenrir, Jörmungandr e Hel. Pensa-se que Angrboda e Iárnvidia são a mesma deusa, fazendo dela líder do clã da Floresta de Ferro. Alguns a consideram também como a bruxa queimada três vezes, Gullveig, a quem Loki comeu o coração. Isso é debatido constantemente, e a opinião no assunto difere de cada pessoa.

Angrboda é vista como uma mulher forte, independente e segura, que não se submete a outros e tem grande poder. Seus devotos dizem que ela não atura falsidade com sí mesmo e lidera os de coração forte, os que lutam por seus objetivos e sonhos, e não deixam outros os arrastarem para a ruína. Ela é uma deusa mãe, rígida e disciplinar, mas não cruel sem necessidade.

Os que honram Angrboda devem estar preparados para aceitar suas responsabilidades e carregar o fardo de seus próprios atos.
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Rökkatru.

O nome Rökkatru é dado a uma subdivisão do paganismo nórdico, podendo ser reconstrutista ou não. Assim como o Asatrú é voltado a honrar principalmente os deuses Aesir, e o Vanatru honra principalmente os deuses Vanir, o Rökkatru tem seu foco no terceiro e menos conhecido panteão de deuses nórdicos - os Rökkr. Às vezes comparados aos Titãs gregos, eles são os Jötunn, forças primordiais consideradas por muitos como sendo malignos, e demonizados pela maior parte da comunidade pagã.

São entidades importantes, deuses de grande poder que tem seu próprio código de conduta, à parte dos outros dois panteões, e que tem muito a nos ensinar. Dar a eles o título de malignos e ignorar ou odiá-los sem considerar todas as opções seria algo não apenas imaturo, mas pode fazer com que alguém perca a oportunidade de aprender lições valorosas. É aconselhável que mesmo aqueles que não são Rökkatruar, ou os outros pagãos nórdicos que não honram os Rökkr, pelo menos os respeitem.

Mas enquanto os Rökkr são poderosos e com uma conduta diferente, não quer dizer que não tenham ética. Aqueles que os honram recebem muito em troca dessa experiência, assim como devotos de qualquer outro deus, deusa ou panteão.